segunda-feira, 24 de junho de 2013

Aventura #10 - Vila de Piranhas - PB - Uma vila descoberta (literalmente)

Igreja Matriz de São José de Piranhas, de uma beleza simples como a vida da população
São José de Piranhas é uma pequena cidade no interior da Paraíba, com cerca de 20 mil habitantes e uma vida tranquila, típica dos pequenos centros urbanos distantes da capital.

Primeira travessia da fronteiras entre os estados. Uma pequena emoção. Uma pequena alegria.
Pausa para auto-retrato em Cajazeiras-PB.
A cidade de Cajazeiras é o centro regional e ponto de apoio dessa, que foi minha primeira saída do estado. Esse é um destino para quem gosta de aventura e de conhecer locais realmente diferenciados, já que o destino final não conta com infra-estrutura para turismo. O que me levou até lá foi o desejo de conhecer esse lugar raro.
O que me levou para aquela região na minha pequena 125 foi a descoberta das ruínas da cidade da cidade antiga. Digo descoberta porque a cidade submersa, Pirnahas Velha, como é conhecida atualmente, estava coberta pelas águas do Açude Engenheiro Ávidos desde 1936, quando foi construida a barragem.
A seca que atinge o nordeste fez o nível da água baixar ao ponto de exibir o que restou da cidade antiga.
Cajazeiras vista da pedra do Cristo Rei, com a moto em primeiro plano.
Como Chegar:
Partindo de Iguatu, a rota é simples, indo até Icó para chegar à BR 116. Fui no dia 1 de maio, feriado e Saí cedo, umas 5:30 da manhã. Uma das melhores sensações para mim é ver o nascer do dia na estrada e a beleza da estrada acordando. Em outra postagem falo com mais calma sobre isso, mas o fato é que a BR, para uma moto pequena especialmente, requer mais cuidado(ok, quando tiver tempo também faço uma postagem sobre esse assunto).
Seguindo pela BR 116, pega-se a BR 230, ambas em boas condições, para chegar à Cajazeiras. De lá, para São José de Piranhas são uns poucos quilômetros em uma pista razoável.
Chegando em São José de Piranhas, perguntando a alguns habitantes facilmente se consegue informações de como chegar à cidade antiga, que fica a cerca de 12km da sede do município.
Para chegar, basta seguir por uma estrada de terra com alguns pontos de travessia de riacho e córrego e bifircações que podem enganar. Vale aqui a velha dica de ir perguntado aos sertanejos do caminho.
A vila antiga
Sr. Sebastião caminha para as ruinas da Igreja antiga. Ao fundo as águas do Açude Engenheiro Ávidos. São José de Piranhas.
Depois de uma rota com as emoções de uma estrada carroçal com alguns desafios para a pequena 125, cheguei à vila de Piranhas Velha, que fica a menos de 1km da vila antiga.
Capela da nova vila de São José de Piranhas, com a pequena 125 em frente.
Logo na chegada, sob o olhar curisos dos moradores, paro em um bar e conheço o Sr. Sebastião Raimundo, de 80 anos, que depois que me apresentei, se ofereceu para me guiar até as ruínas da cidade e me contar um pouco da história.
Como ele não anda de moto, fomos caminhando e conversando. A cidade era uma pequena vila quando o açude foi construido. Os engenheiros ingleses avisaram à população que a água cobriria suas casas e a nova vila foi sendo feita em áreas mais altas.
Sr. Sebastião, que me ofereceu a hospitalidade simples e sincera do sertanejo.
Depois de alguns minutos de caminhada e conversa, passando por currais, chiqueiros e plantações, chegamos às ruinas. O lugar, pela proximidade com as águas, está plantado com feijão. Das ruas sobrou pouco, mas há tijolos imensos por toda a àrea.
As ruinas da igreja chamam atenção. Chego lá com Sr. Sebastião e peço que ele me ajude com as fotos.
A vista impressiona, já que a planície se estende até o horizonte terminar com as serras ao final. As águas do Açude já estão distantes, mostrando que a seca avança. No local da igreja a água ficava mais 8 metros acima de onde estávamos.
Da viagem, o que mais me impressionou, porém, foi uma estrutura que permanece quase intacta, apesar do tempo e das águas: uma das sepulturas do cemitério.
Entre as ruínas da Igreja da antiga vila de S. José de Piranhas
Onde ficava o antigo cemitério, hoje cresce uma plantação de tomates e pouco restou dos túmulos além de uns tijolos, mas no meio da plantação surge, imponente, uma seputura que resiste ao tempo. Perguntei ao Sr. Raimundo se ele conhecia a história, mas ele apenas disse que não era do tempo dele, que quando ele nasceu a vila já estava coberta e que eles, quando crianças, gostavam de mergulhar para tocar o topo da sepultura.
Fiquei algum tempo ali, lendo, na solidão, enquanto o Sr. Sebastião cuidava do gado. As histórias da pequena vila parecem ter se dissolvido nas águas, mas o encando das ruinas permanece.
Ao fundo as águas do Açude Engenheiro Ávidos. S. José de Piranhas.
Depois da leitura, tomei um café na casa do Sr. Raimundo, mostrando que a hospitalidade do sertanejo permanece. A volta foi tranquila, dessa vez, apreciando mais a paisagem e imaginando as histórias que o tempo e as águas cobriram.
A viagem valeu a pena pelas paisagens da Paraíba e pale hospitalidade doce e sincera, com gosto de café e bolo de milho.
Sr. Raimundo caminhando para as ruínas do cemitério antigo. Ao fundo, a única sepultura que resta da vila antiga de S. José de Piranhas.
Foto feita pelo Sr. Sebastião. Na sepultura não há mais nomes.

Essa aventura teve foi mais pessoal, uma meta minha de pegar a estrada. Esse dia foi de uma meditação saudável, que recomento a todos. Pegar a moto e seguir pela estrada pode ser a melhor terapia.

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Como nesse ano de 2013 as chuvas foram poucas, acredito que as ruínas continuarão descobertas por um bom tempo.
Aventure-se você também!!
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5 comentários:

  1. terrinha que eu adoro por mais seco que estejam mais eu adoro porque é a terra em que eu nasci.

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    1. Foi uma viagem muito boa! Espero que a chuva volta para trazer fartura para a região.

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    2. Eu nunca pensei que aqui nunca fosse ficar sem água pois era uma imensidade de água quero tudo de volta

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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